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terça-feira, 12 de junho de 2012

Gurgel 2° Parte - A decadência e o Fim

   Vimos na 1º Parte que a Gurgel tinha lançado o automóvel mais barato do Brasil, e que as vendas estavam indo de vento em popa, mas infelizmente sempre ocorrem coisas estranhas em nosso país, principalmente quando os políticos se metem em algo que esta quieto, então vamos ver o que aconteceu.  
   Em 1990 se iniciava um novo governo no Brasil cujo o presidente era Fernando Collor de melo, este imediatamente tomou medidas que prejudicaram muito a Gurgel.
   A primeira delas foi isentar todos os carros com motor menor que 1000 cm³ do pagamento de IPI, o que levou as grandes montadoras estrangeiras instaladas no país a lançar quase que instantaneamente carros com preços menores que os do BR-800 e com mais recursos como por exemplo o Uno Mille. 
   A segunda foi liberar as importações de veículos, com isso o mercado nacional foi inundado de carros como o Lada Niva que mesmo pagando aliquota de 85%, ainda era mais barato que os jipes produzidos pela Gurgel.
  Nesse momento, as pressões sobre a empresa só aumentavam, se antes desse passo a única fábrica totalmente nacional de automóveis ainda não incomodava, restrita que era a uma vitoriosa linha de jipes e utilitários, linha essa acrescida de um carro urbano e econômico agora ela ameaçava crescer e aparecer.  Em 1992 tentando reagir, a marca lançava o Supermini com um desenho e acabamento mais refinados que o seu antecessor BR-800.  
   Em 1993 a Gurgel começou a investir maciçamente no Projeto DELTA que seria um novo carro popular de baixo custo na qual custaria entre 4000 e 6000 dolares, a fábrica ficaria em Fortaleza enquanto que a fábricação dos motores continuaria em São Paulo, de acordo com o protocolo firmado o financiamento de 160 milhões de dólares seriam divididos à razão de, 50 milhões de dolares para o governo de São Paulo, 30 milhões de dolares para o governo do Ceará e mais os 80 milhões de dolares prometidos pelo BNDES caso se confirmasse a participação dos dois Governos estaduais.
   A Gurgel constrói e equipa a fábrica em Fortaleza com recursos próprios, mas os dois Governos estaduais envolvidos não honram o Protocolo firmado. Sem qualquer justificativa válida, o Governador do Ceará na época Ciro Gomes deixou de atender ao Protocolo de Intenções assinado no ano anterior. Procurado a seguir pela Gurgel, o Governador de São Paulo Luiz Antônio Fleury Filho também se esquivou do apoio prometido no mesmo Protocolo assinado por ele. Por fim sem a confirmação do apoio financeiro da parte dos dois Governos estaduais, o BNDES também não pôde adiantar a sua parte. A atitude dos dois govermadores, fechando as portas para a Gurgel, fez com que se avolumassem mais e mais pressões contra a empresa, culminando com uma série de ataques contra a saúde financeira.
   A empresa havia batido seu recorde de produção, quando despejou 3.746 carros no mercado em 1991, mas caiu para 1.671 em 1992 devido a greve de funcionários da alfândega brasileira, que impediu a chegada de componentes da Argentina. A quebra no ritmo de produção quebrou o fluxo de caixa da empresa e as dívidas se acumularam.
  Com o rompimento unilateral do Protocolo de Intenções por parte do Governo do Ceará, seguido pelo de São Paulo, a empresa viu-se às voltas com diversas e crescentes dificuldades, sendo obrigada a requerer sua concordata preventiva em junho de 1993. Em uma última tentativa de salvar a fábrica, em 1994, foi feito um pedido ao governo federal para um financiamento de 20 milhões dolares à empresa, mas este foi negado e a fábrica foi declarada falida em 1994.
   Em meio à declaração de falida pelo governo, a empresa conseguiu recorrer à bancarrota e a marca ficou ativa até setembro de 1996. Seus últimos projetos foram:
  • Supermini 1995 - uma versão com traseira mais reta que o Supermini anterior e seria lançado nesse mesmo ano;
  • Motomachine - um minicarro urbano pensado como meio de tranporte;
  • Tocantins - ultima versão do X-12 (que durou de 1992 a 1995);
  • Motofour - conceito similar ao Motomachine.
   Desde o fim da empresa, a fábrica ficou nas mãos de um escritório em São Paulo. E desde 2001 a justiça vinha tentando vender a fábrica, que enfrentava muitos furtos de peças dos carros ainda inacabados: pelo menos 30 boletins de ocorrência foram feitos.
  Após diversas tentativas de venda do terreno da fábrica e seus veículos abandonados, ela só foi leiloada em 2007, por quase 16 milhões de reais. O dinheiro serviu como pagamento de dívidas trabalhistas, que chegou a quase 20 milhões de reais. A Gurgel deixou um rastro de 280 milhões em dívidas.
  Sofrendo do mal de Alzheimer João Gurgel morreu em 2009, aos 82 anos, na sua casa, na cidade de Rio Claro-SP.
“Posso ir a falência por incapacidade, erro de mercado, mas me recuso a ir a falência por decreto"
João Augusto Gurgel



   Quero aproveitar este dia tão especial para fazer uma homenagem a uma pessoa muito especial para mim. 
Agora para aproveita o momento vamos ouvir uma musica bem melosa "The marmelades - Reflections of my life".



21 comentários:

  1. Bom dia Lord!

    Cara, a história do Gurgel é ótima, foi um cara a frente do seu tempo, mas tb fez umas cagadas próprias de empresa administrada por um cara só (sem um conselho).

    Acredito que esse negócio de vender carros com ações da empresa foi a grande furada dele, isso não tem como dar certo.

    Abração!

    Corey

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    1. Ele fez tudo certo, apenas tentou montar uma estrutura industrial, sem ter recursos e com isso ficou esperando a boa vontade dos politicos, e acabou se dando mal, esperto é o Eike batista que só usa o dinheiro do BNDES e guarda o dele.

      Um abraço!!!

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  2. "Não espere nada de ninguém. Só espere indenizações por dano moral e material" Eike Rico.

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    1. Você é o empresário mais esperto Eike, pois só usa o dinheiro do BNDES, mas você esta certo, pois o empresário que usa os próprios recursos esta frito.

      Um abração.

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    2. E o BNDES tem outra vantagem: já que eles querem receber o dinheiro de volta, o governo não vai ficar criando dificuldades para mim, né? kkkkkk

      Outro abração.

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    3. Hoje são outros tempo, se Gurgel fosse amigo de um cachoeira da vida a sua situação seria bem melhor.
      Valeu outro abraço!

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  3. Na boa, não conhecia a história da Gurgel, mas, pelo que vc contou, parece um caso típico de empresa-sanguessuga, que só sobrevive com ajuda do governo (redução de imposto, dinheiro do BNDES, etc) pois seus produtos não têm competitividade...
    Quando a proteção acabou, a empresa acabou junto... Não foi isso que ocorreu?

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    1. Todas as empresas pequenas que não possuem escala industrial, tende a produzir produtos mais caros, veja o exemplo de nossa industria Naval, os navios feitos aqui dentro são mais caros que os importados, mas se não houver ajuda federal os estaleiro iriam falir.
      O Eike como disse acima só usa o dinheiro do BNDES e guarda o dele.

      Um abraço.

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    2. Eu seu disso, mas por que manter abertas empresas ineficientes com o nosso dinheiro dos impostos? Deixa falir! Esta proteção à "indústria nacional" é uma porta aberta para corrupção... Como são escolhidos os setores beneficiados?

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    3. Nos EUA e Europa eles simplesmente, colocam taxas autissimas para defenderr a produção local, com isso os produtos importados ficam caros, protegendo assim a produção local e os empregos.

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  4. Oie!!
    não conhecia o final da história do tio Gurgel, achei inclusive q tinha acabado bem antes disso, legal :)

    qto a sua homenagem, muito fofa, aposto q a pessoa especial vai querer te dar uma caixa de alfajor da Havanna!

    beijão, boa tarde de trabalho por aí

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    1. Finais felizes principalmente aqui no brasil, são resevados somente aos políticos corruptos e empresários safados. Mas num futuro próximo as coisas vão entrar nos eixos.
      Eu acho que essa pessoa vai gostar muito, pois fiquei acordado até meia-noite para achar uma foto bacana KKKK.

      E depois disso tive de voltar a pé pra casa pois a minha carruagem virou abobora kkkkkkkk.

      Beijão!!!

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  5. Poque será que eu não estou surpreso por quem ter feito a merda ter sido o Collor?XD
    Sinto muito pelo Gurgel,mas ele devia saber que confiar em políticos nesse país é o mesmo que acreditar em Papai Noel.
    Boa sorte com a pessoa especial pra você!;)

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    1. Bem também não vamos ser radicais, mas com a vinda de carros importado as montadoras nacionais tiveram que lançar automóveis mais modernos, e com os carros 1.0 popularizou o automovel no Brasil, infelizmento o que beneficia alguém pode prejudicar outras pessoas.

      Um abração!!!

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    2. Antes da liberação das importações, pagávamos uma fortuna para comprar as carroças nacionais... Foi a melhor coisa que ele fez!

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    3. Aconteceu a mesma coisa com as mais de 10 fabricas de computadores que tinha no Brasil, nenhuma aguentou a concorrencia estrageira, mas isso é outra história.

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  6. Esta pessoa eEspecial pro lordin bonekim mardito é a elise da yoki! Cuidado truta!

    Investidor aloprado.

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    1. Você tinha de dizer pro ótario do marido dela, como pode um cara cheio da grana e com tantas mulheres dando sopa por ai e casar justamente com uma putinha.

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  7. Não conhecia o Gulgel. Conheci graças as suas postagens. Parabéns.
    Era um cara que poderia contribuir e muito com o desenvolvimento nacional (seja econômico, tecnológico, etc), mas que foi alvo de um lobby fortíssimo. É uma pena. Deveria surgir outras pessoas assim. Hije estamos em condições melhores para isso (eu acho).

    Abraços

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    1. Tudo poderia ser solucionado com uma boa acessoria de cachoeira e cia, mas se a Gurgel tivesse se unido a uma montadora estrangeira, com fez a Hyundai nos anos 80 com GM, hoje ela poderia ser uma potência também.

      Um abração!!!

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    2. Eu vejo os veículos elétricos da TV Globo com a marca Gurgel! Seria de uma outra empresa Gurgel? Sempre tive a vontade de investir em ações da Gurgel, só agora comecei a investir em ações e pensei que a fábrica ainda existia...

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